Hoje (4) o Brasil se despede de uma das suas maiores referências na ciência, na cultura e na defesa do patrimônio histórico: a arqueóloga Niede Guidon, que dedicou sua vida à pesquisa, à preservação e à valorização do Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí.
Nascida em Jaú-SP, com dupla nacionalidade, Niede Guidon foi mais que uma cientista: foi uma guardião da memória da humanidade. Sob sua liderança, foram realizadas descobertas arqueológicas que colocaram o Brasil no centro do debate sobre a ocupação das Américas.
Ao longo de décadas, ela batalhou incansavelmente pela preservação dos sítios arqueológicos da região de São Raimundo Nonato, revelando ao mundo vestígios de civilizações que viveram há mais de 50 mil anos. Em uma entrevista marcante ao programa Roda Viva, da TV Cultura, em setembro de 2013, Niede falou sobre suas convicções, desafios e visão de mundo. Com a lucidez de quem carrega uma vida inteira de experiências e descobertas, ela refletiu sobre a fragilidade da vida, o compromisso com a verdade científica e o futuro do Parque. A entrevista revelou não só a cientista brilhante, mas também a mulher firme, sensível e profundamente humana.
Mesmo diante da falta de recursos, da burocracia e da negligência institucional, Niede nunca desistiu. Criou a Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM), mobilizou apoios internacionais e formou gerações de profissionais locais, sempre com o sonho de transformar a ciência em desenvolvimento social. Seu trabalho se transformou em exemplo de resistência e amor à história.
Hoje, sua ausência física deixa um vazio imenso, mas seu legado é eterno. Niede Guidon não foi apenas uma arqueóloga. Foi uma visionária, uma educadora, uma construtora de pontes entre o ado e o futuro. Sua luta continua viva em cada pintura rupestre preservada, em cada estudante inspirado por sua trajetória, em cada pedra que ainda conta uma história.
Que sua memória seja sempre lembrada com respeito, gratidão e iração. O Brasil perdeu uma gigante!